Brasília, o Eldorado da
Parnaíba
Nesse 21 de
abril, Dia de Tiradentes e da fundação de Brasília, capital do Brasil, há 55
anos volto minhas lembranças de menino praqueles dias de grande esperança que
tomaram conta de tantos brasileiros, nordestinos e em particular muitos, mas
muitos parnaibanos. Eu imagino e até devem ter estatísticas sobre isso que o
estado brasileiro e nordestino que mais mandou imigrantes pro Planalto Central
de Goiás foi o Piauí e especialmente sua cidade da beira do mar, Parnaíba.
Eu era
pequeno, pouco mais de seis anos e me lembro de uma tia de minha mãe, chamada
por todos nós de Tia Nega, moradora na Guarita, prima do poeta Firmino Teixeira
do Amaral. E esta nossa tia-avó, lavadeira e viúva de Manoel Alemão,foi pra lá
por volta de 1962 se juntar aos filhos e filhas que já estavam trabalhando na
nova capital. Foi na companhia de duas filhas ainda solteiras. Tempos depois
mandava carta dizendo que estavam todos bem e
estabelecidos. Tinham barracos próprios e a vida seguia em frente.
Vez por
outra, geralmente na época do Natal e São João, ela e as primas de minha mãe,
assim como ainda hoje fazem muitos migrantes parnaibanos e seus descendentes,
vinham passar as festas na boa terra. Vinham matar a saudade da Parnaíba e
contar as boas novas de como estavam vivendo na cidade construída com muito
suor dos candangos e a sabedoria de Juscelino. Agora vinham pelo avião da
Cruzeiro do Sul ou pela Varig. Nada de caminhão coberto de lona, feito na ida,
tomando poeira na venta e comendo farofa de galinha frita e bebendo água
quente.
E assim foi
aquele início pra milhares de parnaibanos puxados pela necessidade nas terras
distantes de Goiás. Saiam daqui às pencas, muitos apenas com o dinheiro da
passagem e deixando mulher e filhos, mães, irmãos, pais e amigos. Depois de suportarem uma viagem de quinze ou
até vinte dias dentro de paus-de-arara pra finalmente trabalharem na construção
civil. Poucos conseguiam coisa melhor e
mais leve quando tinham leitura, ou seja, sabiam ler, contar e assinar o nome.
Anos depois
já estavam com a família estabelecida e partindo pra segunda geração. E são
muitas as histórias que certamente muitos e muitos parnaibanos de Brasília têm
hoje pra contar dessa longa e sofrida travessia. Mas se foram às carradas em
cima de caminhões, muitos mais afoitos até caminhando por meses pra encararem
uma nova vida, o mesmo não se pode dizer da nossa representação política e
parlamentar na capital do Brasil. Parnaíba, salvo engano, só mandou nestes 55
anos de Brasília, Chagas Rodrigues, Pinheiro Machado e Alberto Silva. Pouco,
muito pouco mesmo pra muito tempo.
Por: Antonio de Pádua para o Portal Boca do Povo
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