quarta-feira, 6 de maio de 2015

ARTIGO

O destino entre os escombros e o esquecimento

Agora, passada a euforia da inauguração do Centro Cultural João Paulo dos Reis Velloso, no antigo prédio da União Caixeiral e que foi restaurado pela Federação do Comércio do Estado do Piauí, muita gente deve estar se perguntando, eu inclusive, e faz tempo, qual o destino, qual o futuro do prédio de linhas clássicas na avenida Presidente Vargase que entre outras instituições serviu à Escola Miranda Osório e ultimamente ao curso de Direito do campus da Universidade Estadual do Piauí em Parnaíba.

O dito cujo edifício, um dos orgulhos da arquitetura parnaibana, inaugurado em 1926, portanto a oitenta e nove anos, no começo da antiga Rua Grande, está dentro da área tombada pelo IPHAN, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que tem uma representação em Parnaíba, mas que até hoje só conseguiu restaurar um edifício, o conhecido Casa Grande, antiga residência dos Dias da Silva, também na mesma avenida e que se passou lá pra dentro e colocou uma pedra na porta.

Depois disso ninguém sabe como está o mapa das outras restaurações.Do jeito que a coisa está nadando vai chegar o dia, infelizmente, em que este exemplar tão bonito, importante e imponente pra história da educação de Parnaíba e datada do início do século XX pode virar um amontoado de escombros. Porque é o que está parecendo que alguém desse órgão quer pra um dos mais importantes edifícios de Parnaíba: que ele vire um monte de barro, telha quebrada e madeira velha e cheia de cupins. Aí fica mais fácil e justificável o terreno limpo pra se instalar nele um estacionamento privado. Ou então que pelo esquecimento fique sem condições de um dia, Deus e Nossa Senhora da Graça, inspirem sua restauração.

Porque ao que parece o Governo Federal não tem interesse nenhum em patrocinar e desenvolver a cultura e seu rico patrimônio de pedra e cal nesta parte do Nordeste a partir da restauração de seus edifícios. Porque ao que parece o Governo Federal quer que a iniciativa privada, a exemplo do que fez a Federação do Comércio do Estado do Piauí com a Caixeiral, assuma mais esta. Que é pra no dia da inauguração vir todo mundo só pra fazer bonito na hora de cortar a fita.

E desde 2008, mais precisamente dia 11 de setembro, o centro histórico de Parnaíba é tombado pelo IPHAN. Mas por que a coisa está tão lenta em relação aos outros edifícios, principalmente este da avenida Presidente Vargas? Nós temos sorte de em Parnaíba não terem mais ocorrido períodos de chuva rigorosos. Ele está em condições tão ruins, mas tão ruins, que não tem condições de nem se poder passar na calçada. É uma infâmia deixar aquele edifício morrer pela ação do tempo ou pelo descaso. Como é que pode estar acontecendo uma coisa dessas aqui na Parnaíba?

Por: Antonio de Pádua para o Portal Boca do Povo

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