domingo, 21 de maio de 2017

DELAÇÃO

Diretor da J&F diz que senador Ciro Nogueira recebeu R$ 42 milhões em doações para o PP
Ricardo Saud cita o pagamento de R$ 2,5 milhões em espécie ao senador feito por um supermercado de Teresina.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi citado novamente em delações por recebimento de doações para a campanha de 2014. Dessa vez, Ricardo Saud, diretor de relações institucionais e governo no grupo J&F dono do frigorífico JBS, menciona o pagamento de R$ 42 milhões ao Partido Progressista, do qual Ciro Nogueira é presidente nacional, e que as tratativas se deram diretamente com o parlamentar piauiense.

A propina paga, segundo o delator, seria para a compra de vários partidos para garantir apoio e fortalecer a campanha Dilma-Temer. Ricardo Saud conta que teve um pagamento no valor de R$ 2,5 milhões ao senador Ciro Nogueira em espécie feito por um supermercado em Teresina, mas não soube dizer quem retirou e entregou o dinheiro.

Senador Ciro Nogueira.
“Praticamente o Ciro pediu todas as doações, ou então, 95% foram feitos de forma dissimulada propina depositada na conta do partido nacional e de lá ele distribuía. Teve um pagamento só dele em espécie que foi de R$ 2,5 milhões que foi feito por um supermercado lá de Piauí, que aí eu não posso falar quem tirou e quem entregou. Ele mesmo organizou isso e nós fomos depois e quitamos a nota fiscal do supermercado que já ia mesmo pagar a gente”, relatou Ricardo Saud, sem mencionar o nome do supermercado.

Na delação, o diretor da J&F afirma ainda que todos os partidos tinham certeza de que se tratava de propina paga pelo PT. Joesley Batista, empresário e dono da JBS contou, também em depoimento, que o PT tinha uma conta corrente, e Ricardo deveria fazer a distribuição.

A reportagem procurou o senador Ciro Nogueira, mas foi informada por sua assessoria de imprensa que o parlamentar ainda não havia se pronunciado sobre a delação dos executivos.

Declarações envolvendo ministros de Estado, deputados e senadores, que têm foro privilegiado no STF, estão agora sob análise do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que não tem prazo para decidir o que fazer. Ele pode arquivar as citações, pedir abertura de novos inquéritos ou a inclusão em investigações em andamento.

Inquérito

O senador já havia sido mencionado em delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou em abril passado a abertura de um inquérito sobre Ciro Nogueira. O presidente nacional do PP é suspeito de receber R$ 1,6 milhão, divididos entre os anos de 2010 e 2014, para sua campanha eleitoral e para o próprio partido.

O caso faz parte de investigações pedidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht.

Segundo o Ministério Público, Nogueira procurou José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Carlos José Fadigas de Souza Filho para solicitar quantias para sua campanha eleitoral e para o PP. O senador recebeu R$ 300 mil em 2010, quando ainda era deputado federal, e R$ 1,3 milhão em 2014, parcelado em duas vezes.


Na época, a defesa de Ciro Nogueira declarou ao "Jornal Nacional" que o senador reconhece que, como presidente do partido, ele era responsável por fazer os pedidos para a Odebrecht, mas nega peremptoriamente que ele tenha recebido qualquer valor irregular.

Edição: Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)
Fonte: G1

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