Diretor da J&F diz que senador
Ciro Nogueira recebeu R$ 42 milhões em doações para o PP
Ricardo Saud
cita o pagamento de R$ 2,5 milhões em espécie ao senador feito por um
supermercado de Teresina.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) foi citado novamente
em delações por recebimento de doações para a campanha de 2014. Dessa vez,
Ricardo Saud, diretor de relações institucionais e governo no grupo J&F
dono do frigorífico JBS, menciona o pagamento de R$ 42 milhões ao Partido
Progressista, do qual Ciro Nogueira é presidente nacional, e que as tratativas
se deram diretamente com o parlamentar piauiense.
A propina paga, segundo o delator, seria para a compra de vários partidos para garantir apoio e fortalecer a campanha Dilma-Temer. Ricardo Saud conta que teve um pagamento no valor de R$ 2,5 milhões ao senador Ciro Nogueira em espécie feito por um supermercado em Teresina, mas não soube dizer quem retirou e entregou o dinheiro.
A propina paga, segundo o delator, seria para a compra de vários partidos para garantir apoio e fortalecer a campanha Dilma-Temer. Ricardo Saud conta que teve um pagamento no valor de R$ 2,5 milhões ao senador Ciro Nogueira em espécie feito por um supermercado em Teresina, mas não soube dizer quem retirou e entregou o dinheiro.
Senador Ciro Nogueira. |
“Praticamente o Ciro pediu todas as doações, ou
então, 95% foram feitos de forma dissimulada propina depositada na conta do
partido nacional e de lá ele distribuía. Teve um pagamento só dele em espécie
que foi de R$ 2,5 milhões que foi feito por um supermercado lá de Piauí, que aí
eu não posso falar quem tirou e quem entregou. Ele mesmo organizou isso e nós
fomos depois e quitamos a nota fiscal do supermercado que já ia mesmo pagar a
gente”, relatou Ricardo Saud, sem mencionar o nome do supermercado.
Na delação, o diretor da J&F afirma ainda que
todos os partidos tinham certeza de que se tratava de propina paga pelo PT.
Joesley Batista, empresário e dono da JBS contou, também em depoimento, que o
PT tinha uma conta corrente, e Ricardo deveria fazer a distribuição.
A reportagem procurou o senador Ciro Nogueira, mas
foi informada por sua assessoria de imprensa que o parlamentar ainda não havia
se pronunciado sobre a delação dos executivos.
Declarações envolvendo ministros de Estado,
deputados e senadores, que têm foro privilegiado no STF, estão agora sob
análise do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que não tem prazo para
decidir o que fazer. Ele pode arquivar as citações, pedir abertura de novos
inquéritos ou a inclusão em investigações em andamento.
Inquérito
O senador já havia sido mencionado em delações
premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht. O ministro Edson Fachin,
relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou em abril passado a abertura de um inquérito sobre Ciro
Nogueira. O presidente nacional do PP é suspeito de receber R$
1,6 milhão, divididos entre os anos de 2010 e 2014, para sua campanha eleitoral
e para o próprio partido.
O caso faz parte de investigações pedidas pela
Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas delações premiadas de
executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Segundo o Ministério Público, Nogueira procurou
José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Benedicto Barbosa da Silva Júnior e
Carlos José Fadigas de Souza Filho para solicitar quantias para sua campanha
eleitoral e para o PP. O senador recebeu R$ 300 mil em 2010, quando ainda era
deputado federal, e R$ 1,3 milhão em 2014, parcelado em duas vezes.
Na época, a defesa de Ciro Nogueira declarou ao
"Jornal Nacional" que o senador reconhece que, como presidente do
partido, ele era responsável por fazer os pedidos para a Odebrecht, mas nega
peremptoriamente que ele tenha recebido qualquer valor irregular.
Edição:
Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)
Fonte:
G1
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