A
santa que não sabe ganhar dinheiro.
Aqui nas minhas orações de final de semana por
ocasião do Dia das Crianças e do feriado, na verdade dia santo, de Nossa
Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, passei a imaginar como existem coisas
no mundo que perdem uma excelente oportunidade de serem importantes porque
situações ou pessoas atrapalham. Uma delas é a do santuário de Nossa Senhora
Mãe dos Pobres e Senhora do Piauí, aqui na biqueira da casa, em Ilha Grande do
Piauí.
Antônio de Pádua |
Eu nem vou me dar ao trabalho de ficar me cansando
numa fila pra tirar passaporte na Polícia Federal, me endividar comprando euros
e dólares pra me tacar daqui pra Portugal conhecer e venerar o santuário de
Fátima, nem muito menos o de Lourdes, na França se aqui pertinho, só caso de
atravessar a ponte Simplício Dias, cair dentro do santuário de Nossa Senhora
Mãe dos Pobres do Piauí. Se for pra pedir ajuda à Nossa Senhora pra aliviar
todas as minhas dificuldades eu fico por aqui mesmo e peço à santa de casa.
Toda cidade que tem santuário: Lourdes na França,
Fátima em Portugal, Guadalupe no México, Jasna Góra, na Polônia tem uma renda a
partir deste turismo que movimenta milhões de peregrinos em todo o mundo. No
Brasil, o de Aparecida em São Paulo. Aí me aparecem uns padres italianos e
constroem a muito custo o santuário de Nossa Senhora dos Pobres do Piauí, na pequenina
e insignificante cidade de Ilha Grande. Mas até hoje eu não sei por que diabos
esse santuário não engrenou!
E fico eu aqui neste meu silêncio do Dia de Nossa
Senhora Aparecida a imaginar se essa gente ali de Ilha Grande do Piauí saísse
daquela preguiça tão desgraçada, preguiça de ficar olhando pros pés o dia
inteiro e, fizesse uma imensa campanha pra colocar este santuário num roteiro
turístico nacional e até internacional! Por que não? Parasse de achar que o
turismo ali tem de ser só andar de barco no delta o dia inteiro e comendo
caranguejo. Ainda tem muita gente que
gosta de rezar, conhecer atitudes de crenças religiosas, ver santos, se
ajoelhar e caminhar feito peregrino. Gente que gosta de levar na volta pra casa
uma lembrancinha, a imagem de um santo de sua devoção, uma fitinha benta, uma
camiseta com a estampa do santo, essas coisas. Que é que tá faltando? Tá
faltado fé ou coragem?
E nem adianta vir me dizer que este não é o
objetivo do santuário de Nossa Senhora dos Pobres e Senhora do Piauí! Em tudo
que é lugar do mundo onde tem devotos se vende de um tudo. E por que só aqui é
que é pecado, é coisa feia, coisa do capiroto? Eu só queria levar puxando pela
orelha até o Canindé, no Ceará, esses advogados, esses doutores e técnicos mal
esclarecidos sobre o turismo religioso, pra eles verem e aprenderem como a
coisa funciona! Porque olhando aquele lugar tão abandonado dá pra imaginar que
a santa é que não sabe ganhar dinheiro.
Por:
Antonio de Pádua para o Portal Boca do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário