quarta-feira, 20 de agosto de 2025

INVESTIGAÇÃO

Governo do Piauí sob investigação do MP por repasses suspeitos a portais de notícias

A polêmica expõe uma possível rede de favorecimento que compromete a imparcialidade da imprensa local e o uso ético dos recursos públicos. 

O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI) abriu um inquérito civil público para investigar possíveis irregularidades nos repasses financeiros do Governo do Piauí a sites de notícias. A denúncia sugere que verbas públicas teriam sido destinadas diretamente a portais considerados politicamente alinhados, contornando os canais oficiais e agências de publicidade contratadas. A denúncia, foi publicada nesta terça e quarta-feira (19 e 20) pelos portais Encarando e Oito Meia.

A investigação, instaurada pelo promotor Edilsom Farias, tem como alvo a Coordenadoria de Comunicação Social (CCOM-PI). Os sites Conecta Piauí, Pin Piauí, e Portal Pensar Piauí são citados na denúncia como beneficiários desses supostos pagamentos sem contrato formal, o que levanta suspeitas sobre o uso político da verba pública.

De acordo com o MP, os repasses para a veiculação de publicidade e notícias deveriam ser realizados exclusivamente através das agências contratadas pelo Estado – como Chroma Comunicação, Eclética Comunicação, ADV6, Nova Comunicação e S/A Propaganda. A portaria do promotor ressalta que o Ministério Público já havia emitido uma recomendação para que essa prática de pagamentos diretos fosse suspensa, mas há indícios de que ela pode ter continuado.

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Marcelo Nolleto e Thiago Monteiro / Imagem: reprodução

O caso ganha contornos ainda mais controversos devido a uma recente publicação do Conecta Piauí, um dos sites beneficiados, que acusou o senador Ciro Nogueira de articular uma rede de portais, blogs e perfis para atacar o governo estadual. A matéria, sem apresentar provas concretas, foi vista como uma tentativa de desviar o foco das próprias irregularidades. A hipocrisia da situação é evidente, já que o Conecta Piauí figura entre os portais que recebem verbas públicas diretamente do governo, o que reforça as suspeitas de favorecimento político.

De propriedade do ex-vendedor do Grupo Meio Norte, Thiago Monteiro, o portal Conecta Piauí existe há apenas três anos, mas mesmo com pouco tempo se tornou um dos veículos de comunicação que mais fatura junto à secretaria estadual de Comunicação (Secom, ex-CCOM), hoje sob o comando de Marcelo Nolleto.

Somente neste ano, desde que Marcelo Nolleto, que costumeiramente é visto “visitando” a sede do portal Conecta Piauí ao lado do “dono” Thiago Monteiro, o portal passou a receber, em média, R$ 100 mil por mês. O que, se considerar o ano, passa da casa de R$ 1 milhão. Nos bastidores do jornalismo piauiense, afirmam que os verdadeiros proprietários do site, que foi fundado em 2022 e se tornou campeão em receber dinheiro do Governo do Estado, são outras pessoas.

Vale ressaltar que, além do Conecta Piauí, mais dois portais de notícias também aparecem no inquérito aberto pelo MP-PI. São eles: Pin Piauí, de propriedade do administrador do Grupo Xico Prime Marciano Valério Arrais, e Pensar Piauí, do ex-secretário de Comunicação e petista histórico Oscar de Barros. Estes veículos de comunicação também receberam dinheiro do Governo do Estado com possível irregularidade, sem licitação. A diferença é que foram valores menores que o Conecta Piauí.

O Centro de Apoio Operacional de Combate à Corrupção e Defesa do Patrimônio Público (CACOP), o que sinaliza a seriedade das suspeitas. Se as irregularidades forem confirmadas, os gestores e responsáveis podem ser processados por improbidade administrativa, sujeitos a sanções severas.

A polêmica expõe uma possível rede de favorecimento que compromete a imparcialidade da imprensa local e o uso ético dos recursos públicos. Enquanto isso, a sociedade piauiense aguarda respostas sobre a transparência na gestão da comunicação estatal e a lisura no relacionamento com os veículos de mídia.

Por: Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)

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