Governo do Piauí sob investigação do MP por repasses suspeitos a portais de notícias
A polêmica expõe uma possível rede de favorecimento que compromete a imparcialidade da imprensa local e o uso ético dos recursos públicos.
O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI)
abriu um inquérito civil público para investigar possíveis irregularidades nos
repasses financeiros do Governo do Piauí a sites de notícias. A denúncia sugere
que verbas públicas teriam sido destinadas diretamente a portais considerados
politicamente alinhados, contornando os canais oficiais e agências de
publicidade contratadas. A denúncia, foi publicada nesta terça e quarta-feira (19 e 20) pelos portais Encarando e Oito Meia.
A investigação, instaurada pelo promotor Edilsom
Farias, tem como alvo a Coordenadoria de Comunicação Social (CCOM-PI). Os sites
Conecta Piauí, Pin Piauí, e Portal Pensar Piauí
são citados na denúncia como beneficiários desses supostos pagamentos sem
contrato formal, o que levanta suspeitas sobre o uso político da verba pública.
De acordo com o MP, os repasses para a veiculação de
publicidade e notícias deveriam ser realizados exclusivamente através das
agências contratadas pelo Estado – como Chroma Comunicação, Eclética
Comunicação, ADV6, Nova Comunicação e S/A Propaganda. A portaria do promotor
ressalta que o Ministério Público já havia emitido uma recomendação para que
essa prática de pagamentos diretos fosse suspensa, mas há indícios de que ela
pode ter continuado.
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Marcelo Nolleto e Thiago Monteiro / Imagem: reprodução |
O caso ganha contornos ainda mais controversos
devido a uma recente publicação do Conecta Piauí, um dos sites
beneficiados, que acusou o senador Ciro Nogueira de articular uma rede de
portais, blogs e perfis para atacar o governo estadual. A matéria, sem
apresentar provas concretas, foi vista como uma tentativa de desviar o foco das
próprias irregularidades. A hipocrisia da situação é evidente, já que o Conecta
Piauí figura entre os portais que recebem verbas públicas diretamente do
governo, o que reforça as suspeitas de favorecimento político.
De propriedade do ex-vendedor do Grupo Meio Norte, Thiago Monteiro, o portal Conecta Piauí existe há apenas três anos, mas mesmo com pouco tempo se tornou um dos veículos de comunicação que mais fatura junto à secretaria estadual de Comunicação (Secom, ex-CCOM), hoje sob o comando de Marcelo Nolleto.
Somente neste ano, desde que Marcelo Nolleto, que
costumeiramente é visto “visitando” a sede do portal Conecta Piauí ao lado do
“dono” Thiago Monteiro, o portal passou a receber, em média, R$ 100 mil por
mês. O que, se considerar o ano, passa da casa de R$ 1 milhão. Nos bastidores
do jornalismo piauiense, afirmam que os verdadeiros proprietários do site, que
foi fundado em 2022 e se tornou campeão em receber dinheiro do Governo do
Estado, são outras pessoas.
Vale ressaltar que, além do Conecta Piauí, mais dois
portais de notícias também aparecem no inquérito aberto pelo MP-PI. São eles:
Pin Piauí, de propriedade do administrador do Grupo Xico Prime Marciano Valério
Arrais, e Pensar Piauí, do ex-secretário de Comunicação e petista histórico
Oscar de Barros. Estes veículos de comunicação também receberam dinheiro do
Governo do Estado com possível irregularidade, sem licitação. A diferença é que
foram valores menores que o Conecta Piauí.
O Centro de Apoio Operacional de Combate à Corrupção
e Defesa do Patrimônio Público (CACOP), o que sinaliza a seriedade das
suspeitas. Se as irregularidades forem confirmadas, os gestores e responsáveis
podem ser processados por improbidade administrativa, sujeitos a sanções
severas.
A polêmica expõe uma possível rede de favorecimento
que compromete a imparcialidade da imprensa local e o uso ético dos recursos
públicos. Enquanto isso, a sociedade piauiense aguarda respostas sobre a
transparência na gestão da comunicação estatal e a lisura no relacionamento com
os veículos de mídia.
Por: Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)
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