sábado, 16 de agosto de 2025

POLÍTICA

Estratégia de "chapa pura" do PT gera descontentamento e acusações de domínio político no Piauí

A tentativa do PT de monopolizar o poder no Piauí pode ser vista como um movimento de pura ambição política. 

Teresina, PI, 16 de agosto de 2025 - A decisão do Partido dos Trabalhadores (PT) em formar uma chapa pura para a disputa do governo do Piauí nas próximas eleições, com candidatos a governador e vice do próprio partido, tem provocado uma onda de críticas nos bastidores políticos locais. A tática, que já foi comunicada a aliados como o MDB, sugere uma manobra para garantir a permanência do PT no poder por mais de uma década, o que levanta questionamentos sobre a partilha de poder e a ambição do partido em manter o "filé" da política piauiense.

O anúncio, confirmado publicamente pelo senador Marcelo Castro (MDB) em entrevista, chocou parte da base aliada. Castro revelou que o governador Rafael Fonteles já informou ao MDB que a vaga de vice, atualmente ocupada por Themístocles Filho, será preenchida por um nome do PT. Para o senador, a perda da vice-governadoria é um "grande prejuízo político" para a legenda, que agora busca compensações junto ao governo.

O risco da chapa pura

A estratégia, no entanto, vai além da simples formação de uma chapa. Nos corredores da política, a leitura é que essa decisão faz parte de um plano a longo prazo. A aposta de Rafael Fonteles é que, após ser reeleito em 2026, ele renunciaria ao cargo em 2030 para concorrer ao Senado, permitindo que seu vice — também do PT — assumisse a cadeira do Palácio de Karnak.

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Governador Rafael Fonteles / Imagem: Reprodução

Esse cenário permitiria ao vice, já no poder, ter a vantagem da máquina pública e a visibilidade para concorrer à reeleição em 2030, solidificando o domínio petista no Piauí. Em outras palavras, o PT não apenas se manteria na governança, mas consolidaria seu controle sobre o poder executivo por um período ainda mais longo. Essa manobra, se bem-sucedida, garantiria que a cobiçada "governadoria", vista por muitos como o "filé" da política, ficasse nas mãos do partido por anos a fio, sem a necessidade de dividir espaço ou poder com aliados.

Insatisfação crescente

O MDB, que historicamente tem sido um parceiro fundamental na política piauiense, é o principal afetado por essa decisão. Marcelo Castro não escondeu a decepção com a comunicação de Rafael Fonteles, mas afirmou que as negociações por compensações estão em andamento. "Estamos perdendo um dos cargos mais importantes, que é essencial na composição da chapa majoritária," disse o senador.

Senador Marcelo Castro / Imagem: Alef Leão

A reação do MDB é um termômetro do descontentamento que a estratégia do PT tem gerado. A decisão de priorizar uma chapa própria, ignorando o peso e a tradição dos partidos aliados, pode abalar a base governista. A visão é que, ao centralizar o poder e não abrir mão de posições-chave, o PT demonstra uma autoconfiança excessiva e um apetite voraz por controle político, que pode custar caro a longo prazo, se a insatisfação de seus aliados crescer.

A tentativa do PT de monopolizar o poder no Piauí pode ser vista como um movimento de pura ambição política. Ao priorizar o "filé" da chapa majoritária para si, o partido corre o risco de desarticular a aliança que o sustenta, e mostra que a manutenção do poder está acima da construção de consensos. A questão agora é saber até que ponto os aliados vão aceitar essa estratégia sem que a base de apoio se desfaça.

Por: Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)

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