Estratégia de "chapa pura" do PT gera descontentamento e acusações de domínio político no Piauí
A tentativa do PT de monopolizar o poder no Piauí pode ser vista como um movimento de pura ambição política.
Teresina, PI, 16 de agosto de 2025 - A decisão do
Partido dos Trabalhadores (PT) em formar uma chapa pura para a disputa do
governo do Piauí nas próximas eleições, com candidatos a governador e vice do
próprio partido, tem provocado uma onda de críticas nos bastidores políticos
locais. A tática, que já foi comunicada a aliados como o MDB, sugere uma
manobra para garantir a permanência do PT no poder por mais de uma década, o
que levanta questionamentos sobre a partilha de poder e a ambição do partido em
manter o "filé" da política piauiense.
O anúncio, confirmado publicamente pelo senador
Marcelo Castro (MDB) em entrevista, chocou parte da base aliada. Castro revelou
que o governador Rafael Fonteles já informou ao MDB que a vaga de vice,
atualmente ocupada por Themístocles Filho, será preenchida por um nome do PT.
Para o senador, a perda da vice-governadoria é um "grande prejuízo
político" para a legenda, que agora busca compensações junto ao governo.
O risco da chapa pura
A estratégia, no entanto, vai além da simples
formação de uma chapa. Nos corredores da política, a leitura é que essa decisão
faz parte de um plano a longo prazo. A aposta de Rafael Fonteles é que, após
ser reeleito em 2026, ele renunciaria ao cargo em 2030 para concorrer ao
Senado, permitindo que seu vice — também do PT — assumisse a cadeira do Palácio
de Karnak.
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Governador Rafael Fonteles / Imagem: Reprodução |
Esse cenário permitiria ao vice, já no poder, ter a
vantagem da máquina pública e a visibilidade para concorrer à reeleição em
2030, solidificando o domínio petista no Piauí. Em outras palavras, o PT não
apenas se manteria na governança, mas consolidaria seu controle sobre o poder
executivo por um período ainda mais longo. Essa manobra, se bem-sucedida,
garantiria que a cobiçada "governadoria", vista por muitos como o
"filé" da política, ficasse nas mãos do partido por anos a fio, sem a
necessidade de dividir espaço ou poder com aliados.
Insatisfação crescente
O MDB, que historicamente tem sido um parceiro
fundamental na política piauiense, é o principal afetado por essa decisão.
Marcelo Castro não escondeu a decepção com a comunicação de Rafael Fonteles,
mas afirmou que as negociações por compensações estão em andamento.
"Estamos perdendo um dos cargos mais importantes, que é essencial na
composição da chapa majoritária," disse o senador.
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Senador Marcelo Castro / Imagem: Alef Leão |
A reação do MDB é um termômetro do descontentamento
que a estratégia do PT tem gerado. A decisão de priorizar uma chapa própria,
ignorando o peso e a tradição dos partidos aliados, pode abalar a base
governista. A visão é que, ao centralizar o poder e não abrir mão de
posições-chave, o PT demonstra uma autoconfiança excessiva e um apetite voraz
por controle político, que pode custar caro a longo prazo, se a insatisfação de
seus aliados crescer.
A tentativa do PT de monopolizar o poder no Piauí
pode ser vista como um movimento de pura ambição política. Ao priorizar o
"filé" da chapa majoritária para si, o partido corre o risco de
desarticular a aliança que o sustenta, e mostra que a manutenção do poder está
acima da construção de consensos. A questão agora é saber até que ponto os
aliados vão aceitar essa estratégia sem que a base de apoio se desfaça.
Por: Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)
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