sexta-feira, 17 de abril de 2015

ARTIGO

Piauí começa a soltar seus papagaios políticos
“O escritor Antonio de Pádua estará escrevendo seus artigos todas às sextas-feiras neste blog”.

Essa semana me ocorreu de ler nos blogs e portais da região que na minúscula Caxingó, uma antiga colônia de Buriti dos Lopes, o IBAMA achou de soltar no meio do tempo, na natureza, uma quantidade até boa de, imagine só, papagaios. Estas aves haviam sido engaioladas em média uns trinta anos e de lá certamente nunca mais sairiam voando pelas próprias asas. E mais certamente que pela idade avançada morreriam de tédio, dementes, comendo coisas de arroz, feijão, quando muito um pedaço de goiaba ou banana, ficando carecas e faltos das penas do rabo e com os pés cheios de cascas bem grossas.

Perderam, portanto a noção de como se voa e se procura a própria comida na natureza. Estavam feito, mal comparando aqueles velhinhos das casas de repouso e que por imposição destes estabelecimentos tão cruéis são obrigados a ficar sentados o dia e a tarde e muitas das vezes comendo aquilo que nem gostam, pra só mudarem de posição na hora de dormir. Uma vida mais triste pra quem de certa forma fez em maior ou menor grau alguma coisa pela continuação da sua espécie. E os papagaios do Caxingó passaram por esta situação por um bom tempo.

Estas aves da terra de Deoclides ainda tiveram em vida a sorte de encontrarem um órgão do governo feito o IBAMA e gente da população que lhes libertassem do jugo da escravidão da gaiola ou do poleiro lá no findo da cozinha e sendo obrigados pelas circunstâncias a ficarem repetindo palavras que aos olhos dos curiosos e das visitas eram sempre motivo de graça porque não sei quem foi que meteu na cabeça de achar que papagaio sabe falar. E muitos desses coitados já eram até tratados como pessoa da família, com nome e sobrenome.

E ocorre agora lembrar que este episódio do Caxingó ao soltar seus louros remete a uma observação que se dará dentro de mais alguns meses, coisa de mais de um ano contando de hoje, quando tem início a corrida pelas prefeituras. E o Piauí, este poleiro de exímios papagaios políticos profissionais vai mais uma vez mostrar esta parte exótica de sua fauna. Se ponham pra ver. Ouçam o que estou dizendo. Serão as mesmas pessoas de há uns trinta e tantos anos, carreiristas, gente que faz meio de vida e até se aposenta dentro das câmaras municipais ou se revezando com um filho, um sobrinho ou a própria mulher na cadeira de prefeito.

A partir do ano que vem serão as mesmas promessas, as mesmas conversas bestas sobre educação, saúde e segurança. E vão eles de porta em porta feito papagaios, essas aves exóticas, falando e repetindo as mesmas coisas, visitando os bairros mais sofridos e necessitados, abraçando bêbados e desdentados, beijando mulheres que puxam meninos pelo braço enquanto carregam outro no colo. Mais adiante vão pagando um quilo de galinha pra um aqui e mais na frente aviando uma receita de remédio pra outro. Por enquanto o Piauí, Caxingó como exemplo, soltou seus papagaios de penas. Ano que vem são os papagaios de calça e camisa.

Por: Antonio de Pádua para o Portal Boca do Povo

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