PGR
denuncia Ciro Nogueira ao STF por corrupção e lavagem de dinheiro
Parlamentar do
PP é investigado no âmbito da Operação Lava Jato.
A Procuradoria Geral da República denunciou ao
Supremo Tribunal Federal o senador Ciro Nogueira (PP-PI) pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Operação Lava Jato.
Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava
Jato no STF, notificar o parlamentar para que apresente defesa. Após a defesa
ser analisada, o ministro terá de decidir se recebe ou não a denúncia, ou seja,
se abre ou não ação penal contra Ciro Nogueira, o que o tornaria réu na Lava
Jato.
O G1 buscava contato com o senador
até a última atualização desta reportagem.
![]() |
Senador Ciro Nogueira. |
Delação
O
inquérito contra Ciro Nogueira foi aberto em junho do ano passado com base em
depoimentos do dono da UTC, Ricardo Pessoa, e do ex-diretor da empreiteira
Walmir Pinheiro, delatores da Lava Jato.
No depoimento, Pessoa relatou a investigadores que
mandou entregar em dinheiro vivo R$ 1,5 milhão para um assessor do senador, em
três parcelas, até março de 2014. Depois disso, acrescentou o delator, ainda pagou mais R$ 475 mil a
Ciro Nogueira por meio de contratos fictícios firmados com um escritório de
advocacia.
Pessoa
disse, ainda, que repassaria mais R$ 256 mil ao parlamentar, mas, antes disso,
foi preso pela Lava Jato, em novembro de 2014, na sétima fase da operação. Ricardo
Pessoa relatou, também, que, no segundo semestre de 2013, foi procurado por
Ciro Nogueira, pois, segundo o delator, o parlamentar precisava de R$ 2 milhões
para despesas médicas de um parente.
O
empresário disse, então, ter proposto que a UTC pagasse as despesas, mas,
disse, o senador rejeitou e pediu o dinheiro. Pessoa disse que aceitou porque
tinha interesses em obras do Ministério das Cidades, comandado à época pelo
partido de Ciro Nogueira.
Relatório da PF
Conforme
a Polícia Federal, "o acervo informativo" após a coleta de provas
mostrou que há indícios de que Ciro Nogueira solicitou, em 2013, e recebeu no
ano seguinte, R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo de Ricardo Pessoa, valores que
foram entregues por auxiliares do doleiro Alberto Youssef, também preso na Lava
Jato.
Além
disso, segundo a PF, Ciro recebeu R$ 475 mil a partir de um contrato da UTC com
um escritório de advocacia, sem que os serviços tivessem sido prestados. O
relatório indica, também, que isso demonstra o cometimento da corrupção.
Para
a polícia, "na medida em que se valeu da interposição do escritório (...)
para dissimular a origem e natureza das montas que lhe foram
encaminhadas", o senador cometeu também o crime de lavagem de dinheiro.
Senador nega acusações
Ciro
Nogueira já prestou depoimento no inquérito e negou que tenha recebido qualquer
valor. O parlamentar afirmou também que a história é inverídica porque
"vem de família rica, com renda mensal conjunta com sua esposa que soma o
montante mensal de aproximadamente R$ 200 mil e que possuem planos de saúde
custeados pelo Senado e ela pela Câmara sem limites de gastos". Nogueira
também negou que tenha tido contatos com o escritório de advocacia citado.
A denúncia
Além
de Ciro Nogueira, denunciado por corrupção passiva e por 23 operações de lavagem
de dinheiro, foram denunciados também outras quatro pessoas que, segundo a
denúncia, participaram do repasse do dinheiro, entre elas o delator Ricardo
Pessoa.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
pediu ao Supremo que, caso Ciro Nogueira e os outros acusados sejam condenados,
que percam a função pública "principalmente por terem agido com violação
de seus deveres para com o poder público e a sociedade".
Janot
requereu, ainda, a decretação da perda de R$ 2 milhões obtidos ilegalmente, a
serem corrigidos, e a condenação a reparação de danos materiais e morais em
mais R$ 2 milhões, "já que os prejuízos decorrentes da corrupção são
difusos (lesões à ordem econômica, à administração da justiça e à administração
pública, inclusive à respeitabilidade do parlamento perante a sociedade
brasileira), sendo dificilmente quantificados".
Edição:
Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário