Prefeito Ricardo Sales envia carta ao Congresso pedindo
socorro aos municípios
Intitulada
"Morte e Vida Severina dos Municípios Brasileiros", o documento
mostra a indignação do gestor pelo que ele chama de "injustiças" na
distribuição dos recursos.
Prefeito Ricardo Sales |
O prefeito de Murici dos Portelas, Ricardo Sales
enviou uma carta ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Lyra
Alves onde pede socorro para a situação dos prefeitos do Brasil. Intitulada
"Morte e Vida Severina dos Municípios Brasileiros", o documento
mostra a indignação do gestor pelo que ele chama de "injustiças" na
distribuição dos recursos.
“Nossa intenção foi
demonstrar indignação pelas injustiças que acontecem na distribuição dos
recursos em nosso país. Na carta trago um exemplo prático que acontece com o
Fundo de Participação dos Municípios (FPM), rateado erroneamente criando
situações escabrosas como a que vive nosso município”, relata o prefeito.
Ricardo Sales ainda não recebeu nenhuma resposta
do protesto, mas espera com essa ação estimular outros colegas a também criarem
manifestos peculiares, que levem a devida atenção para o assunto.
Confira
a carta na íntegra:
Exmo. Sr. Dep.
Federal Henrique Eduardo Lyra Alves.
Presidente da Câmara dos Deputados
Praça dos Três Poderes - Câmara dos Deputados
Brasília – DF
Presidente da Câmara dos Deputados
Praça dos Três Poderes - Câmara dos Deputados
Brasília – DF
MORTE
E VIDA SEVERINA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS
Consideremos uma
seguinte situação: Pegamos uma mãe de família, solteira, com 3 filhos para
alimentar, que recebe um salário mínimo; outra mulher, também mãe de família,
solteira, mas com 9 filhos para alimentar e com o mesmo salário mínimo, qual
das duas vai alimentar melhor seus filhos? Logicamente que aquela que tem a
menor quantidade de filhos. Mas Vossa Excelência deve estar se perguntando: se
a resposta é tão óbvia, por que este questionamento bobo para agente públicos
que notoriamente possuem capacidade suficiente para criar e aprovar as leis que
regem o bem estar nossa nação? A resposta é simples: constitucionalmente
presenciamos uma enorme injustiça em relação à distribuição de renda, e em
especial aos pequenos municípios brasileiros, os chamamos 0.6.
Evidentemente,
os municípios brasileiros estão vivendo uma crise sem precedentes. Todos os
setores se encontram a beira do caos. Saúde, Educação, Infraestrutura Básicos
são problemas gritantes que a grande maioria dos prefeitos (assim como em todas
as profissões existem os bons e maus profissionais) está perdendo os cabelos
(alguns já nem os tem mais) para solucionar e não estão encontrando saídas.
Estamos cansados de sermos os responsáveis por todas as mazelas de nossas
cidades. Somos Cidadãos, vivemos nosso município, queremos fazer nosso melhor,
queremos uma cidade melhor, queremos proporcionar melhor qualidade de vida para
nossos amigos, vizinhos, nossos irmãos da cidade.
Porém
estamos praticamente de mãos atadas. As constantes quedas no FPM e demais
receitas, o Sub Financiamento de todos os programas federais e aumento dos
custos com pessoal (aumento de salário mínimo, criação de Plano de Cargos,
aprovação de Pisos de diversas categorias e elevada Tributação dos Encargos
Sociais) estão comprometendo as condições mínimas de infraestrutura para ser
oferecido a nossa população, que está cada vez mais presente e atuante no
sistema de controle e fiscalização do dinheiro público. Angustia - me ver os
inúmeros problemas e não conseguir resolver por não ter de onde tirar recursos.
Existe uma Lenda Urbana que o Governo Federal tem dinheiro, os prefeitos é que
não tem projetos. Queria que isto fosse verdade. Busco diuturnamente soluções
para os problemas que nos afligem! E como poucos prefeitos, possuo no quadro de
funcionários Administradores, Advogados, Contadores, Engenheiros, Topógrafos e
Geólogos. Condição até rara de se encontrar em prefeituras maiores que as 0.6.
Portanto, projetos nós temos, não se tem mesmo é o recurso mínimo necessário
para a execução desses. Nossa situação está chegando ao limite, tanto
administrativamente quanto pessoalmente.
De
acordo com o texto da Constituição, existem faixas de distribuição de FPM de
acordo com o número de habitantes. E nessa distribuição tem uma faixa bastante
injusta: o coeficiente 0.6! Municípios abaixo de 10.188 habitantes recebem o
mesmo aporte financeiro. Mas Vossa Excelência deve estar se perguntando: Onde
está a injustiça nessa distribuição? Aí nos remetemos ao inicio do texto: as
mães de família diferentes com a mesma renda com quantidade de filhos
diferentes. Aqui No Piauí temos um caso bastante que julgo bastante incomodo: a
cidade de Miguel Leão, 2ª cidade da nação com menos habitantes, 1.244, com
média de 93,00 km2, recebe o mesmo valor de recurso de FPM á cidade de Cristino
Castro, com 10.164 habitantes e média de 1.846,00 km2. Isto é justo? Uma cidade
cerca de 10 vezes maior que a outra receber os mesmos recursos. Obviamente que
não. No Estado do Piauí, existem 84 cidades que possuem menos de 5.000
habitantes, e recebem os mesmos recursos de 14 cidades com mais de 9.000
habitantes. Isto chega a ser ate desrespeitoso com os prefeitos das cidades 0.6
consideradas maiores. Gastamos muito mais. Temos muito mais problemas e estamos
jogados na mesma vala comum dos municípios menores. Nada contra aos meus
colegas dos municípios com menos habitantes, só estou pedindo, e tenho a plena
convicção que merecemos, para termos um tratamento diferenciado. Necessitamos
disso.
Por
fim, gostaria humildemente de pedir a Vossa Excelência um empenho concentrado
aos nobres colegas deputados para a aprovação do PLP 358/2013, que altera a Lei
nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 para refinar os critérios de distribuição dos
recursos do Fundo de Participação dos Municípios - FPM conforme estabelecidos
no art. 159 da Constituição Federal, de autoria do nobre Deputado Júlio César
de Carvalho Lima, Municipalista Convicto. Este projeto cria faixas
intermediárias no FPM, criando as Faixas Ímpares (0.7; 0.9; 1.1....) entre as
Faixas Pares (0.6; 0.8; 1.0...) que hoje existem, porém muito largas, fazendo
com que municípios com tamanho e população distinta recebam o mesmo aporte de
recurso.
Murici dos Portelas (PI), 25 de Julho de 2014.
RICARDO
DO NASCIMENTO MARTINS SALES
MÉDICO
/ PROFESSOR
PREFEITO
MUNICIPAL
PRESIDENTE
DO CONSÓRCIO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA PLANÍCIE LITORÂNEA
Edição: Frank Cardoso (Portal
Boca do Povo)
Fonte:
cidadeverde.com
Um comentário:
Parabéns Dr Ricardo, sua manifestação demonstra muita competência.
O pior de tudo é que os oposicionistas que passaram uma vida na situação, só endividaram as prefeituras, e agora ficam cobrando milagres dos prefeitos atuais! Bando de covardes. Os prefeitos se desdobrando pra renegociarem as dívidas criadas por eles, e os mesmos se manifestando junto ao povo de que as prefeituras estão abarrotadas de dinheiro.
Mas que beleza, essa lei do ficha suja, tem gente que tá pior do que poleiro de pato!
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