Médico
cubano desempregado tenta vaga de gari em Ilha Grande
O Ministério
da Saúde estima que cerca de dois mil cubanos ficaram no país após o fim do
programa.
Um grupo de 48 médicos cubanos que decidiu ficar
no Piauí depois que o governo de Cuba decidiu se desligar do Programa Mais
Médicos, do governo brasileiro, está desempregado e enfrentando dificuldades
para se manter no estado. Um deles, Raymel Kessel, 39 anos, contou ao G1 que
tentou vaga de gari, mas não foi admitido porque tem formação em medicina.
Raymel chegou à cidade de Ilha
Grande em 2014 e contou ao G1 que foi bem acolhido pela população da cidade, mas mesmo
sendo querido, não consegue emprego.
“Não é fácil achar emprego porque quando colocamos no currículo que somos médicos, ninguém quer nos contratar. Eu até procurei trabalhar no carro de lixo e não foi aceito porque diz que médico não faz esse tipo de trabalho”, lamentou.
Após
quatro anos e meio trabalhando como médico na rede de atenção básica do
município de Ilha Grande, no Litoral do Piauí, Raymel se casou com uma
piauiense e é pai de um menino brasileiro, e por isso decidiu ficar no Brasil.
“Me sinto parte da Ilha Grande, me sinto filho daqui”, afirmou o médico.
Alguns
cubanos formaram família com mulheres piauienses e relatam estarem passando por
necessidades financeiras para sustentar os filhos. Os médicos aguardam
realização do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por
Instituições de Educação Superior Estrangeiras (Revalida) para retornar aos
postos de saúde e hospitais.
No entanto, o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável por aplicar a prova,
disse que “não há ainda o cronograma para a próxima edição do Revalida”.
O
Ministério da Saúde estima que cerca de dois mil cubanos ficaram no país após o
fim do programa. O Ministério informou ao G1 que
“trabalha na elaboração de um novo programa para ampliar a atenção primária”.
Disse, ainda, que está discutindo “alternativas para o exercício profissional”
dos médicos de Cuba.
Raymel
Kessel tem ocupado seus dias distribuindo perfis profissionais em diversos
estabelecimentos comerciais e os instrumentos de trabalho que mais gostava de
usar, um estetoscópio e um aferidor de pressão, estão guardados.
A
esperança de Raymel agora é chegada do mês de agosto, período em que, segundo
do jornal “O Estado de S. Paulo”, o governo deverá editar uma medida provisória
para alterar o Programa Mais Médicos e manter os médicos cubanos trabalhando no
Brasil.
Edição:
Frank Cardoso (Portal Boca do Povo)
Fonte: G1-PI
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