Turista duro
que nem beira de sino.
Essa semana uma coisa me chamou a atenção aqui
nesta parte ocidental do fim do mundo. Muitos portais e blogs repercutiram reclamações
de turistas vindos das bandas de Teresina e que denunciaram a provável formação
de cartel por parte de donos de postos de combustíveis e estariam cobrando um
preço único, acima de três reais e uns quebrados.
Certo que em muitas das vezes a gente percebe e
constata mesmo que há abusos em relação a preços de refeições, bebidas,
acomodações e outros serviços que fazem a cadeia turística funcionar. O sujeito
sai lá da aldeia dele se metendo a turista de primeira classe, enche o carro de
gente e tudo o que é apetrecho e se manda no rumo da praia da Pedra do Sal e de
Amarração ou Barra Grande. Percorre nessa brincadeira toda quase quatrocentos
quilômetros e quer chegar ao seu destino e comprar gasolina a dois reais?
Vem no carro com a mulher e os meninos, parentes, amigos,
amigos dos amigos, sogra, compadre, empregada e vai direto pra praia. Quer
comer peixada. Geralmente pede uma cavala ou pescada amarela, o que há de
melhor. Come, se lambuza todo de farofa, os meninos comendo churros e salgadinhos
e bebendo Coca-Cola. Em muitas das vezes o idiota traz um litro de Old Par,
White Horse ou Red Bull, Ron Montilla e fica tirando fotos com o celular pra
quando voltar causar inveja nos abestados da terra dele.
Sabendo que está tomando uísque falsificado, feito
com água da chuva ou de cacimba. E agora na hora de pagar a conta quer porque
quer criar confusão. Diz que não é aquilo, que é roubo, que está sendo
explorado. Abre a boca pra dizer que, se fosse nos Estados Unidos ou na Europa
a coisa não era isso e mais aquilo. Como se algum dia ele e a família dele
tenham atravessado a fronteira do Bom Princípio com o Cocal. O certo é que esse
turista que infesta nossas praias ainda é aquele turista de quinta categoria,
duro que nem beirada de sino ou que não gosta de abrir a burra.
Quer tudo de graça ou quase. É muito mal
acostumado em vir pra praia se hospedar na casa de algum parente ou conhecido
na Parnaíba ou Luiz Correia. Acha que o peixe servido à mesa dele veio assim
sem mais nem menos e não teve nenhum custo pra o dono do restaurante. Quer que
a mulher, a sogra e os filhos tomem água de coco ou refrigerante achando que o
coco e o refrigerante vieram de graça, assim na melhor, pra ser servido. Quer
tomar cerveja com uísque falsificado até ficar sem condições de encontrar a carteira
ou abotoar a braguilha da bermuda e achando que o comerciante dono da barraca
está roubando ele. Marmenino!
E que este comerciante não paga impostos, não tem
obrigação de pagar a empresa que lhe vendeu a cerveja, o refrigerante e a água
mineral. Que comprou gelo e tem de pagar energia elétrica que faz funcionar o
freezer ou a geladeira e ainda pagar o funcionário. É um tipo de turista sem as
mínimas condições de se dar a ele condições de conforto. Gosta de criar
situações embaraçosas pra depois sair falando mal do estabelecimento e
consequentemente da região.
Acha que turismo é coisa de sair de casa com um
monte de sacolas, farofa de carne de sol, uísque falsificado e ocupar horas e horas
as mesas dos restaurantes apenas com uma garrafa ou uma
latinha de cerveja. Depois quer achar gasolina barata. Quer comer peixada da
melhor qualidade e pagar um preço mínimo, bem abaixo do mercado. Pois que vá
pra os Estados Unidos e a Europa, já que tem esses países como referência! Turismo
é coisa cara. Sempre foi assim e sempre será assim em qualquer lugar. Não quer
gastar dinheiro, não saia de casa.
Por:
Antonio de Pádua para o Portal Boca do Povo
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