Vai
ter guerra.
E daqui deste meu exílio voluntário, imposto pela
incômoda condição de desempregado vindo daí do Brasil fico aqui no meu terraço de
papo pra cima vendo pela televisão os últimos ocorridos aí da terra de Neymar.
E um deles me chamou a atenção nessa semana. E não é que me saiu aí de Brasília
num avião da Força Aérea Brasileira, com a gasolina pelos olhos da cara e o Governo Federal chorando mais que dono de casa de aluguel
na hora de fazer um conserto na sua casa, um grupo de senadores foi até
Caracas, na Venezuela tomar as dores de políticos que fazem oposição ao
presidente Nicolás Maduro, sucessor de Chávez e amigo de Lula e Dilma Rousseff.
E olhem só quem são os senadores que, se arvorando
de democratas até a raiz do osso da canela e defensores das liberdades, foram
tomar satisfações na Venezuela: Agripino Maia, Ronaldo Caiado, Ronaldo Cunha
Lima, Aluísio Nunes Aécio Neves e outros peixes miúdos, senadores que passam a
maior parte das sessões dormindo e roncando por falta do que fazer. Só meninos
malas. Antes da empreitada eles já estavam brigando entre si pela liderança da
comissão e também, todo mundo ficou sabendo, não sabiam se chegavam a Caracas
pelo ônibus da Guanabara. O certo é que eles chegaram lá. Chegaram, mas não
passaram da porta do aeroporto.
Este episódio tão infeliz, fora de propósito e
esta despesa tão desnecessária com o combustível da FAB para os cofres do
ministro Joaquim Levy, se é que neste momento do Brasil já dentro do buraco ainda
tem um cofre pra guardar as moedinhas, me lembra de um livro escrito por mim em
2006, salvo engano, e que até hoje não tive dinheiro pra publicar, O Libertador
de Cuba.
O livro conta a astúcia de quatro amigos antigos,
moleques, vadios, peladeiros e farristas das paragens dos bairros São José e da
Guarita, ali nas proximidades do Campo da Burra e que de repente se empolgam
com o momento político e cismam de sair da Parnaíba pra libertar Cuba das unhas
do velho e cascorrento Fidel Castro.
Os caras mobilizam céus e terras e os estudantes
do Colégio Estadual Lima Rebelo, ali na vizinhança, fazem bingos, vendem rifas,
shows com o Bernardo Carranca, o diabo e a mãe dele e coisa e tal, tudo pra
saírem de Parnaíba pra conquistar e libertar Cuba e com a possível ajuda dos
americanos. Mas sempre que eles pensavam numa forma e numa fórmula, aí é que a
coisa dava mais errada ainda.
Esses senadores brasileiros, em hora tão infeliz,
em vez de mais ficarem por aqui procurando olhar pra situação em que se
encontra o Brasil se dão ao deboche de saírem daqui pra Venezuela, dando uma de
turistas políticos falando em democracia e isso e mais aquilo. Mas olhe quem
são esses políticos brasileiros tão zelosos com as causas da democracia no
continente! Só gente que não tem o que fazer e agora quer achar um motivo pra
criar um fato novo. Muitos, senão a maior parte, com extensa folha corrida em
falcatruas e molecagens. E pelo visto criaram, porque acabaram indispondo a
presidente Dilma Rousseff, seu padrinho Lula com o vizinho e ídolo incômodo, o
tal de Maduro.
Agora a guerra está declarada. Eles querem porque
querem que a presidente Dilma Rousseff chame o nosso embaixador em Caracas para
dar explicações e já até redigiram uma nota de repúdio às atitudes hostis
encontradas durante e depois da chegada deles na capital da Venezuela. E já
falam em incidente diplomático grave, soberania nacional e essas coisas. E que a gente sabe que não vai dar em nada.
Certamente até devem estar querendo uma declaração
de guerra, assim feito naquela lá no rio da Prata entre o Brasil e o coitado do
Paraguai. E falando em Guerra do Paraguai, entre 1865 e 1870, outro dia foi que
eu fiquei sabendo que na famosa Batalha Naval do Riachuelo havia uma corveta
chamada Parnaíba e que de tão bagunçada encalhou. Vai ver que vem daí dessa
guerra a nossa sina.
Por:
Antonio de Pádua para o Portal Boca do Povo
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